sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Parábola dos talentos


Vem, eu preciso te dar esse tesouro. Pega rápido das minhas mãos e faz com ele o que quiser. Reparte com alguém. Sobretudo, reparte. Mas, parte logo com o que tenho, pois não me pertence. Leva e planta em algum canto. De que valem sementes sem terra fértil? Precisamos fazer florescer o mundo. Vê como está sem cor? Sim, está tudo em nossas mãos. Ainda que nada nos pertença de fato, nem dependa inteiramente de nós. Passa adiante, faz multiplicar. Que percamos de vista tantos campos floridos. Que seja meu, teu, nosso trabalho, e apenas Dele. Toma, por favor, me ajude. Não me deixe com tanto em minhas mãos. Percebe a graça de poder dar a alguém? Eu quero recebê-la. Sim, leva tudo. Não ficarei de mãos vazias. Ao que tem, mais será dado. Eu tenho muito, leva contigo. Não posso suportar a dor de reter e de me ser retirado. Quero livre e ousadamente te dar. Quero com Ele sentir a glória do que reparte. Ó, por favor, ajuda-me na tarefa de ser inteira, levando o que de melhor há em mim. Canta, ó minh'alma, a leveza. Contempla, meus olhos, a multiplicação. Exalta, ó mundo, o Deus de toda beleza. Agradeço as mãos estendidas que me salvam de mim. Se hoje algo de mim te dou, a paz que recebo é sem medida. Sei que pareço egoísta. Sou miserável até mesmo ao ofertar. Atenta porém para as palavras Dele, que é perfeito. Consegue entender que não fala de juízo, mas de vida? Percebe que fala duramente, pois não suporta nos ver secar? Vem, me ajuda, precisamos sobreviver à aridez do mundo. Fomos nós que o tornamos menor do que pode ser. Não sejamos árvore cortada, almadiçoada. Ao nos abrir, florescemos. Hoje, eu me abro para você. Pois a nossa essência é repartir.